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Os ossos são compostos por tecido ósseo e outros tecidos conjuntivos, incluindo tecido hematopoiético, tecido adiposo, vasos sanguíneos e nervos. O tecido ósseo é um tipo de tecido conjuntivo especializado, que possui células imersas em uma matriz extracelular abundante e mineralizada. 

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1. Componentes da Matriz Óssea

A matriz do tecido ósseo é formada por um componente orgânico e um inorgânico. A parte orgânica é formada por grande quantidade de fibras colágenas, principalmente do tipo I, e também por glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas. O componente inorgânico (mineral) consiste predominantemente em fosfato de cálcio na forma de cristais de hidroxiapatita.

A porção inorgânica confere rigidez e a parte orgânica confere resistência mecânica. Para demonstrar a importância da matriz óssea, se um osso for imerso em ácido e  descalcificado, os minerais são dissolvidos e a parte orgânica é preservada, tornando esse osso flexível como um tendão. Porém, se apenas matéria orgânica for eliminada, como por exemplo por incineração, o osso conserva sua forma, mas perde sua flexibilidade, tornando-se frágil e quebradiço.

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2. Classificação do Tecido Ósseo

O tecido ósseo pode se organizar como osso compacto ou osso esponjoso, a depender da densidade e da distribuição de suas cavidades. A organização do osso compacto é formada por tecido ósseo sem cavidades visíveis,  enquanto o osso esponjoso possui muitas cavidades intercomunicantes. Apesar da diferença na organização macro e microscópica, os componentes celulares são os mesmos. 

CORTE SAGITAL MEDIANO
DO JOELHO

20190502_145459_edited.jpg
Osso esponjoso
Osso compacto
Osso esponjoso
Osso compacto

CORTE SAGITAL MEDIANO DE PARTE DA COLUNA VERTEBRAL

20190502_143824_edited.jpg
Osso compacto
Osso esponjoso

Grande parte dos ossos superiores da cabeça (calvária) é formada por lâminas interna e externa de osso compacto, separadas por díploe. A díploe é o nome dado ao osso esponjoso que contém medula óssea vermelha, através da qual passam canais formados por veias, as veias diploicas. A díploe em um crânio preparado para estudo anatômico não é vermelha porque a proteína é removida durante esse preparo. "A lâmina interna do osso é mais fina do que a externa, e algumas áreas têm apenas uma fina lâmina de osso compacto sem díploe" (Moore; Dalley; Agur, 2014).

OSSO PLANO - DÍPLOE (HE - 40x)

cranio.jpg
Medula óssea
Trabécula do osso esponjoso
Lâmina interna (osso compacto)
Lâmina externa (osso compacto)
Díploe (osso esponjoso)
Periósteo
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3. Estrutura Geral dos Ossos

Os ossos são os órgãos do sistema esquelético, pois, além do tecido ósseo, também são compostos por outros tecidos conjuntivos, vasos sanguíneos e nervos.

Superfície externa dos ossos

A superfície externa dos ossos é coberta por periósteo, exceto nas regiões onde existem cartilagem articular - local em que um osso se articula com outro. O periósteo é uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso e sua natureza é diferente nos locais onde os ligamentos e tendões se inserem ao osso.

Cavidades ósseas

As cavidades ósseas possuem um tecido de revestimento interno chamado de endósteo, uma camada de células de tecido conjuntivo que contém células osteoprogenitoras. Ele está presente tanto no revestimento interno do osso compacto, quanto nas trabéculas do osso esponjoso. Preenchendo a cavidade medular de ossos longos e espaços entre as trabéculas ósseas do osso esponjoso, podemos encontrar a medula óssea  A medula óssea pode ser do tipo vermelha ou amarela, dependendo dos seus componentes celulares.

Medula óssea

Medula óssea vermelha

A medula óssea vermelha é um tecido conjuntivo especializado, altamente vascularizado, que preenche os canais medulares formados entre as trabéculas do osso esponjoso. Esse tecido possui dois tipos de vasos sanguíneos: os vasos sanguíneos comuns, que levam o oxigênio e os nutrientes; e os sinusoides, os quais são a via de entrada de novas células do sangue na corrente sanguínea. A principal função  desse tecido é a formação de células sanguíneas (hematopoese) a partir de células-tronco pluripotentes, precursoras de todos os tipos celulares sanguíneos.

A medula óssea vermelha pode ser encontrada em todos os ossos no recém-nascido, contudo, à medida que envelhecemos, ela começa a ser restrita apenas nas costelas, corpos vertebrais, esterno, pelve e parte distal dos ossos longos (fêmur e úmero).

Medula óssea amarela

A medula óssea amarela é a forma inativa da medula óssea, rica em tecido adiposo e sem a capacidade de formar componentes sanguíneos. Ela está presente na cavidade medular da maioria dos ossos em adultos e está presente, em pequena quantidade, nos ossos que possuem medula óssea vermelha em suas cavidades medulares. Assim, em situações de hemorragia extensa, pode ocorrer reversão desse tecido para o estado ativo, tornando-se novamente medula óssea vermelha, capaz de produzir corpos figurados.

CAVIDADE MEDULAR DE OSSO LONGO (HE - 40x)

MEDULA ÓSSEA 40X.jpg
Trabécula do osso esponjoso
Trabécula do osso esponjoso
Trabécula do osso esponjoso
Capilar sinusoide
Espaço intertrabecular com medula óssea vermelha
Espaço intertrabecular com medula óssea vermelha
Capilar sinusoide

CAVIDADE MEDULAR DE OSSO LONGO (HE - 400x)

MEDULA OSSEA 400X 4.jpg
Trabécula do osso esponjoso
Trabécula do osso esponjoso
Capilar sinusoide
Osteócito
Osteócito
Osteoblasto
Eritrócitos (hemácias)
Eritrócitos (hemácias)
Osteoclasto
Células tronco hematopoiéticas
Células tronco hematopoiéticas
Megacariócito
Capilar sinusoide

CAVIDADE MEDULAR DE OSSO LONGO (HE - 400x)

MEDULA OSSEA 400X.jpg
MEDULA OSSEA 400X 3.jpg
Trabécula do osso esponjoso
Trabécula do osso esponjoso
Capilar sinusoide
Osteócito
Osteócito
Osteócito
Osteoblasto
Eritrócitos (hemácias)
Eritrócitos (hemácias)
Adipócito
Osteoblasto
Células tronco hematopoiéticas
Células tronco hematopoiéticas
Células tronco hematopoiéticas
Megacariócito
Megacariócito
Megacariócito
Capilar sinusoide
Adipócito

Células do tecido ósseo

Diferentes tipos de células são encontrados no tecido ósseo: células osteoprogenitoras, osteoblastos, osteócitos, células de revestimento ósseo e osteoclastos:

  • Células osteoprogenitoras: derivadas das células-tronco mesenquimatosas e dão origem aos osteoblastos; são encontradas associadas ao revestimento externo do osso (periósteo) e ao revestimento das cavidades ósseas (endósteo).​

  • Osteoblastos: células que secretam a matriz extracelular do osso;​

  • Osteócito: mantém o tecido ósseo depois que a célula é circundada pela sua matriz secretada;

  • Células de revestimento ósseo: originam-se dos osteoblastos que permanecem no tecido mesmo após a cessação da deposição óssea, quando não há crescimento ativo, nem remodelação. 

  • Osteoclastos: células de reabsorção encontradas nas superfícies ósseas onde o osso está sendo removido ou remodelado.

CÉLULAS DO TECIDO ÓSSEO

Imagem1.jpg

Imagem adaptada de ROSS e PAWLINA, 2014.

Matriz extracelular (matriz óssea)

OSSO 400X.jpg
Eritrócitos (hemácias)
Osteócito
Osteócito
Osteócito
Osteócito
Osteócito
Osteoclasto
Osteoclasto
Osteoblasto
Osteoblasto
Osteoblasto
Osteoblasto
Osteoblasto
Capilar sanguíneo

CÉLULAS DO TECIDO ÓSSEO
Lâmina de osso desmineralizado (HE - 400x)

Osso imaturo (primário)

Histologicamente, o tecido ósseo pode ser classificado em dois tipos: imaturo (primário) ou  maduro (secundário ou lamelar). Ambos contêm os mesmos tipos celulares e os constituintes da matriz são semelhantes. Em todos os ossos o primeiro tipo  de tecido a ser formado é o primário (não lamelar), sendo substituído gradativamente por tecido ósseo lamelar ou secundário.

As fibras colágenas do osso imaturo não exibem uma organização bem definida (lamelar) e as células possuem organização aleatória, diferentemente do osso maduro. O tecido ósseo em desenvolvimento possui um número maior de células dispostas entre a matriz e menor quantidade de minerais, comparado ao osso maduro. A matriz óssea do osso imaturo possui mais substância fundamental (osteóide) que a do osso maduro e cora-se mais intensamente pela hematoxilina, enquanto a do osso maduro cora-se mais intensamente pela eosina.

Matriz extracelular (matriz óssea)

OSSO 400X.jpg
Eritrócitos (hemácias)
Osteócito
Osteócito
Osteócito
Osteócito
Osteócito
Osteoclasto
Osteoclasto
Osteoblasto
Osteoblasto
Osteoblasto
Osteoblasto
Osteoblasto
Capilar sanguíneo

Observe que o osso imaturo tem mais afinidade pela hematoxilina enquanto o osso maduro se cora pela eosina.

MATRIZ ÓSSEA IMATURA (OSTEOIDE) E MADURA

Lâmina de osso desmineralizado (HE - 400x)

MATRIZ ÓSSEA (IMATURA E MADURA)

Imagem2.jpg

Espaço intertrabecular

Trabéculas

Imagem adaptada de ROSS e PAWLINA, 2019.

Osso maduro ou lamelar (secundário)

O osso maduro é organizado em unidades estruturais denominadas ósteons - lamelas concêntricas de matriz óssea envolvendo um canal central (canal osteonal ou de Havers), pelo qual passam vasos sanguíneos e nervos. O eixo do ósteon é paralelo ao eixo longitudinal do osso. As lacunas que contêm osteócitos estão geralmente situadas entre as lamelas ósseas, dispostas em fileiras. Os canalículos que contêm os prolongamentos dos osteócitos geralmente estão dispostos radialmente e se abrem nos canais osteonais, mantendo as trocas de substâncias entre os osteócitos e o sangue.

 

Entre os ósteons encontramos lamelas intermediárias, resquícios de ósteons que foram reabsorvidos pela ação dos osteoclastos. Além das lamelas concêntricas e intermediárias, os ossos longos possuem lamelas circunferenciais externas e internas, que acompanham o formato circular do osso em sua diáfise (corpo), superficialmente e ao redor da cavidade medular. Por essa organização em forma de lamelas, o osso maduro também é conhecido como osso lamelar. A matriz do osso esponjoso maduro também é lamelar, porém essa organização é de difícil visualização devido ao tamanho reduzido das trabéculas.

 

As artérias que nutrem o tecido ósseo entram na cavidade medular através dos forames nutrícios e fornecem sangue à diáfise dos ossos longos. Esse suprimento sanguíneo ocorre em direção centrífuga (de dentro para fora). Já os vasos sanguíneos e nervos do periósteo penetram no osso compacto através de canais perfurantes transversos (canais de Volkmann). O tecido ósseo carece de vasos linfáticos, e a drenagem linfática ocorre somente a partir do periósteo.

CORTE TRANSVERSAL DA COXA
VISTA SUPERIOR

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Cavidade medular do osso
Osso maduro ou lamelar (osso compacto)
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Lacuna (onde teria o osteócito)
Canalículos
Lamela

PARTE DO CORTE TRANSVERSAL DO OSSO LONGO
VISTA SUPERIOR

20190502_144843.jpg
Artéria osteonal (no canal osteonal)
Artéria osteonal (no canal osteonal)
Artéria no canal perfurante (de Volkmann)
Artéria osteonal (no canal osteonal)
Canal osteonal
Ósteon (sistema de Havers)
Ósteon (sistema de Havers)
Lamela concêntrica
Lamela concêntrica
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Lamelas circunferenciais internas
Lacuna (onde teria o osteócito)
Osso compacto
Canal medular (contendo osso esponjoso)
Periósteo
Lamelas circunferenciais externas
Camada fibrosa do periósteo (externa)
Camada celular do periósteo (interna)
Fibras de Sharpey
Espaços intertrabeculares (contêm medula óssea)
Espaços intertrabeculares (contêm medula óssea)
Trabéculas do osso esponjoso
Trabéculas do osso esponjoso
Endósteo

CORTE LONGITUDINAL DO OSSO LONGO
(referência foto da vista superior)

20190502_144927.jpg
Canal medular (contendo osso esponjoso)
Lamelas circunferenciais internas
Endósteo
Lamela concêntrica
Lamela concêntrica
Ósteon (sistema de Havers)
Espaços intertrabeculares (contêm medula óssea)
Trabéculas do osso esponjoso
Canal osteonal
Lacuna (onde teria o osteócito)
Artéria osteonal (no canal osteonal)
Lamelas circunferenciais externas
Artéria osteonal (no canal osteonal)
Lacuna (onde teria o osteócito)
Artéria no canal perfurante (de Volkmann)
Artéria no canal perfurante (de Volkmann)
Periósteo
Camada fibrosa do periósteo (externa)
Camada celular do periósteo (interna)
Fibras de Sharpey
Forame nutrício
Artéria nutrícia
Osso compacto

CORTE TRANSVERSAL DO OSSO LONGO - VISTA DO CANAL MEDULAR

20190502_144855.jpg
Trabéculas do osso esponjoso
Trabéculas do osso esponjoso
Espaços intertrabeculares (contêm medula óssea)
Espaços intertrabeculares (contêm medula óssea)
Trabéculas do osso esponjoso
Ósteon (sistema de Havers)

CORTE LONGITUDINAL DO OSSO LONGO
(referência foto da vista superior)

20190502_144909.jpg
Ósteon (sistema de Havers)
Lamela concêntrica
Canal osteonal
Lamela concêntrica
Artéria e veia no canal perfurante (de Volkmann)
Canal osteonal
Forame nutrício
Canal perfurante ou de Volkman

OSSO DESGASTADO - Lâmina 40x

10x (1)_edited.jpg
Osso lamelar
Canal perfurante
Canal osteonal
Ósteon (sistema de Havers)

OSSO DESGASTADO - Lâmina 400x

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Lamela intermediária
Canal osteonal
Lamela concêntrica
Lamela concêntrica

OSSO DESGASTADO - Lâmina 400x

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Canal osteonal
Canal osteonal
Canalículos
Lacuna (onde teria o osteócito)
Canal perfurante

OSSO DESCALCIFICADO - CORTE TRANSVERSAL (HE - 40x)

20190502_154107.jpg
Imagem16.jpg

Músculo esquelético

Medula óssea vermelha

Canal
medular

Osso
compacto

OSSO DESCALCIFICADO - CORTE TRANSVERSAL (HE - 100x)

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Osteócito na lacuna
Canal osteonal contendo vasos sanguíneos
Canal osteonal contendo vasos sanguíneos
Lamelas circunferenciais externas
Periósteo
Endósteo
Lamelas circunferenciais internas
Músculo esquelético (corte transversal)

Observe que podemos identificar todas as características descritas anteriormente em qualquer tipo de organização do tecido ósseo. Por exemplo, no osso díploe.

cranio_edited.jpg

OSSO PLANO - DÍPLOE (HE - 40x)

Medula óssea
Trabécula do osso esponjoso
Lâmina interna (osso compacto)
Lâmina externa (osso compacto)
Díploe (osso esponjoso)
Periósteo

OSSO PLANO - DÍPLOE (HE - 100x)

cranio 100x 1.jpg
Canal osteonal contendo vasos sanguíneos
Canal osteonal contendo vasos sanguíneos
Canal osteonal contendo vasos sanguíneos
Canal osteonal contendo vasos sanguíneos
Osteócito na lacuna
Osteócito na lacuna
Osteoblastos no endósteo
Osteoblastos no endósteo
Medula óssea
Medula óssea
Trabécula do osso esponjoso (matriz óssea)
Trabécula do osso esponjoso (matriz óssea)

OSSO PLANO - DÍPLOE (HE - 400x)

cranio 400x.jpg
Osteócito na lacuna
Capilar sanguíneo
Osteoblasto na lâmina interna do periósteo
Osteoblasto na lâmina interna do periósteo
Matriz óssea
Matriz óssea
Lacuna
Fibroblasto
_seta sem fundo morfo 2_edited.png
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Fibroblasto

OSSO PLANO - DÍPLOE (HE - 400x)

cranio 400x 2.jpg
Osteócito na lacuna
Osteócito na lacuna
Osteoblastos no endósteo
Osteoclasto
Osteoclasto
Capilar sanguíneo
Trabécula do osso esponjoso
Matriz óssea
Matriz óssea
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4. Ossificação

Ossificação ou osteogênese é o processo pelo qual o osso se forma e pode ocorrer na formação inicial dos ossos, no crescimento dos ossos até chegar ao tamanho adulto, na remodelação do osso e no reparo de fraturas.

Essa formação óssea pode se dar de duas maneiras, o osso pode ser formado a partir de um apoio cartilaginoso (ossificação endocondral) ou de um tipo de tecido conjuntivo embrionário mais simples, o tecido mesenquimatoso (ossificação intramembranosa). Apesar de terem origens diferentes, os ossos que são formados não são distintos, pois durante o processo de remodelamento ósseo que ocorre posteriormente, as duas estruturas se tornam histologicamente idênticas. Os ossos dos membros e as vértebras, por exemplo, desenvolvem-se por ossificação endocondral. Já os ossos planos do crânio, a maioria dos ossos da face, a mandíbula e a clavícula desenvolvem-se por ossificação intramembranosa.

Ossificação intramembranosa

Essa forma de ossificação ocorre durante o período embrionário, em torno da 8 semana de gestação, quando células mesenquimatosas migram para as regiões conhecidas como centros de ossificação, onde serão gerados os futuros ossos. Posteriormente, as células mesenquimatosas se diferenciam em células osteoprogenitoras, precursoras dos osteoblastos. Com a formação dos osteoblastos, a matriz óssea imatura (osteoide) começa a ser secretada e a sofrer o processo de mineralização. À medida que a matriz óssea é secretada, trabéculas (espículas ósseas) vão se formando.

O tecido ósseo jovem é chamado de imaturo. Após o remodelamento ósseo e a substituição das partes superficiais do osso esponjoso por osso compacto, o tecido ósseo torna-se maduro. O tecido conjuntivo mesenquimal adjacente aos vasos sanguíneos dá origem à medula óssea e aquele presente na periferia do osso dá origem ao periósteo.

OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA (HE - 40x)

ossif intram 40x.jpg
Tegumento
Osso plano em processo de ossificação intramembranosa
Folículo piloso (corte transversal)

OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA (HE - 400x)

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Célula mesenquimal
Mesênquima
Osteoblato
Osteoblato
Osteoblato
Mesênquima formando o periósteo
Eritrócitos (hemácias)
Osteócito na lacuna
Trabécula óssea de osso esponjoso imaturo ou primário

Ossificação endocondral

A ossificação endocondral dá origem à maioria dos ossos do corpo humano, porém, para melhor compreensão, vamos estudar esse tipo de ossificação em ossos longos.

Inicialmente, células tronco mesenquimais se agrupam e proliferam no local do futuro osso. Sob estímulos de fatores de crescimento, essas células começam a expressar colágeno e se diferenciam em condroblastos, os quais começam a secretar matriz cartilaginosa. Assim, forma-se um molde de cartilagem do tipo hialina (versão miniatura do osso) que cresce em comprimento (crescimento intersticial) e em espessura (crescimento aposicional).

A partir do momento em que o molde está formado, os condrócitos do interior do molde cartilaginoso sofrem hipertrofia (aumento do volume) e passam a formar trabéculas com a cartilagem que foi comprimida. Essa cartilagem sofre um processo de calcificação e o condroblasto hipertrofiado sofre apoptose. Concomitantemente, vasos sanguíneos invadem o molde cartilaginoso a partir do seu pericôndrio (tecido conjuntivo que envolve as cartilagens hialina e elástica) e o estimulam a originar osteoblastos; logo, o pericôndrio passa a se chamar periósteo. Os osteoblastos começam a secretar matriz óssea, formando um colar ósseo que envolve a diáfise do osso -  a formação do colar ósseo se dá por ossificação intramembranosa.

Partindo desse colar, os vasos sanguíneos penetram os espaços antes ocupados pelos condroblastos hipertrofiados e as trabéculas cartilagíneas calcificadas, induzindo a formação de um centro de ossificação primária. Assim, células osteoprogenitoras chegam a partir dos vasos sanguíneos e se diferenciam em osteoblastos, os quais secretam matriz óssea sobre as trabéculas cartilagíneas, formando trabéculas ósseas de osso esponjoso. O centro de crescimento primário se desenvolve do interior do molde de cartilagem para as extremidades. Além das células osteoprogenitoras, outros tipos de células também migram para o interior do osso. Os osteoclastos que chegam, iniciam o processo de reabsorção óssea, ajudando na formação da cavidade medular. As células mesenquimais que também migraram, passam a preencher essas cavidades formando a medula óssea vermelha.

Quando os vasos sanguíneos penetram as epífises dos ossos longos, os centros de ossificação secundários são formados. A formação do osso é semelhante à do centro de ossificação primário, contudo, a substância esponjosa formada ocupa toda a epífise, sem a formação de um canal medular.

Por fim, a cartilagem hialina que recobre as epífises dá origem à cartilagem articular (local que se forma uma articulação) e outro resquício de cartilagem forma uma lâmina (disco epifisial) entre a epífise e a diáfise do osso longo. Essa região é responsável pelo crescimento longitudinal do osso longo, encontrada apenas em crianças e adolescentes em fase de crescimento. Nos adultos, uma pequena linha calcificada é formada na região da lâmina epifisial, chamada de linha epifisal.

OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL (HE - 40x)

(Lâmina apoiada na base da lâmpada)

Epífise

Metafise

Diáfise

Disco
epifisário

Osso
esponjoso

Osso
esponjoso

Cavidade
articular

Cartilagem
articular

Osso compacto (cortical)

Cavidade
medular

Crescimento longitudinal do osso endocondral

A lâmina ou disco epifisal sofre diversas modificações que resultam no crescimento longitudinal dos ossos longos. Essa lâmina é dividida em cinco zonas:

  1. Zona de cartilagem de reserva ou em repouso;

  2. Zona cartilagem em proliferação;

  3. Zona de cartilagem hipertrófica;

  4. Zona de cartilagem calcificada;

  5. Zona de reabsorção.

TÍBIA - VISTA ANTERIOR

20190502_154107.jpg
Epífise proximal
Epífise distal
Diáfise

DISCO EPIFISAL (HE - 40x)

ossificaçao endocondral 40x.jpg
Osso esponjoso na epífise
Osso esponjoso da metáfise
Lâmina ou disco epifisial

Quando o crescimento cessa as zonas de cartilagem calcificam e forma-se a linha epifisária.

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ossificaçao endocondral final100x.jpg

DISCO EPIFISÁRIO (HE - 100x)

Trabécula óssea
Zona de cartilagem em repouso ou de reserva
Zona de cartilagem em hipertrofia
Zona de reabsorção
Zona de cartilagem em proliferação
Zona de cartilagem calcificada
Matriz cartilaginosa
Matriz cartilaginosa
Matriz cartilaginosa
Condrócito
Condrócito
Lacuna
Trabécula do osso esponjoso
Capilares com eritrócitos (hemácias)
Capilares com eritrócitos (hemácias)
Medula óssea vermelha no espaço intertrabecular
Medula óssea vermelha no espaço intertrabecular

Observem que podemos utilizar a lâmina de ossificação endocondral para estudar novamente as características do tecido ósseo.

OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL (HE - 40x)

(Lâmina apoiada na base da lâmpada)

Epífise

Metafise

Diáfise

Disco
epifisário

Osso
esponjoso

Osso
esponjoso

OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL (HE - 40x)

Imagem1.jpg
Capilar sanguíneo
Osso compacto (cortical)
Trabécula óssea
Cavidade medular

OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL (HE - 400x)

Imagem2.jpg
_seta sem fundo morfo 2_edited.png
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Periósteo
Camada celular do periósteo (interna)
Camada fibrosa do periósteo (externa)
Fibroblasto
Osteoblasto no periósteo
Matriz óssea
Osteócito na lacuna
Osteócito na lacuna
Matriz óssea
Osteoblasto no endósteo
Osteoblasto no endósteo
Fibroblasto

OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL (HE - 40x)

(Lâmina apoiada na base da lâmpada)

Epífise

Metafise

Diáfise

Disco
epifisário

Osso
esponjoso

Osso
esponjoso

OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL (HE - 100x)

Imagem3_edited.jpg
Trabécula óssea
Trabécula óssea
Trabécula óssea
Espaço intertrabecular com medula óssea vermelha
Espaço intertrabecular com medula óssea vermelha
Capilar sanguíneo
Capilar sanguíneo
Imagem3_edited.jpg
_seta sem fundo morfo 2_edited.png
_seta sem fundo morfo 2_edited.png
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Capilar sanguíneo
Osteoblasto
Osteoblasto
Osteoclasto
Osteoclasto
Osteoblasto
Osteoclasto

OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL (HE - 400x)

BOM ESTUDO!!!

      Vídeo aulas elaboradas pelos Profs. Drs. Luciana Valente e Tiago Goes do Laboratório Morfofuncional e Microscopia da Universidade Federal de Sergipe/Campus Lagarto.

      Todos os textos foram cuidadosamente elaborados e/ou revisados pelos discentes do projeto de extensão MorfoFuncionando: Além dos Muros da Universidade! e revisados pelos docentes do Laboratório Morfofuncional e Microscopia da Universidade Federal de Sergipe/Campus Lagarto. Qualquer dúvida ou sugestões nos envie um email.

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Referências

  • TORTORA, Gerard J. Princípios de Anatomia Humana. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

  • ROSS H; PAWLINA M. Histologia – Texto e Atlas – Em Correlação com Biologia Celular e Molecular. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

  • MOORE, K. L. Anatomia Orientada para a Clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Koogan, 2014

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Projeto de Extensão da ufs/lagarto

MorfoFuncionando: Além dos Muros da Universidade

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Universidade Federal de Sergipe

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