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"O objetivo do curso de histologia é levar o estudante a compreender a microanatomia das células, tecidos e órgão e correlacionar a estrutura com a função." (Ross e Pawlina, 2016)

     Histologia é uma palavra derivada do grego (Histos = tecidos; logia = ciência) que também é conhecida como anatomia microscópica. Atualmente, além de descritiva, a histologia é uma ciência que inclui muitos aspectos da biologia molecular e celular, o que promoveu um grande avanço nas descrições da organização e função das células. Os histologistas adotam uma grande variedade de métodos em seus estudos, porém, a microscopia de luz ou microscopia óptica é a mais acessível e utilizada nos cursos de histologia. Nos laboratórios de histologia ou morfofuncionais (como o nosso!!!), os estudantes utilizam a microscopia de luz, ou com uma frequência crescente, a microscopia virtual, que representa um método de observação de espécimes microscópicos digitalizados, em uma tela de computador ou dispositivos móveis.

       A microscopia eletrônica foi um grande passo para o detalhamento da microanatomia, utilizando o microscópio eletrônico de transmissão (MET) e o microscópio eletrônico de varredura (MEV). Atualmente, com os avanços tecnológicos, o microscópio de força atômica (MFA) também é utilizado e fornece imagens com uma resolução incrível.

        

        É importante entender que inicialmente vários estudantes se deparam com alguns problemas que é compreender a natureza da imagem microscópica que é bidimensional. Além disso, precisam perceber como as imagens se relacionam com a estrutura tridimensional de onde foram obtidas. Portanto, os próximos tópicos dessa página, apresentam uma rápida descrição dos métodos por meio dos quais são produzidas as lâminas e amostras que utilizaremos de maneira mais frequente em nosso laboratório morfofuncional.

       1. Coloração

    

 

  VOCÊ JÁ SE PERGUNTOU COMO É FEITA A LÂMINA HISTOLÓGICA QUE ESTÁ NA SUA MESA? SE NÃO, VAMOS CONVERSAR SOBRE O ASSUNTO NESSA SESSÃO DO SITE.

     Primeiramente, devemos pensar o processo de produção desse material ou espécime de 3 formas:

        1. O que é preciso fazer antes de cortar o tecido?

        2. O que precisa ser feito para colocá-lo na lâmina?

        3. E por fim, o que garante que esse tecido vai ficar ali, no local que colocamos?

        Então, vamos lá! Clique em cada número e conheça esse processo.

 

   

 

 

 

       Muitas vezes quando analisamos algumas estruturas não a reconhecemos, pois não nos parece familiar as que foram mostradas pelo(a) professor(a) ou observadas nos livros. Por que será que isso acontece?

       Quando o especialista vai cortar a peça não tem como ele ter controle de como o corte vai ser realizado em cada estrutura que compõe o tecido, ou seja, existe uma infinidade de dimensões a serem cortadas, por isso que determinadas estruturas podem aparecer com algumas diferenças de uma imagem para outra, devido ao ângulo da estrutura que o corte pegou. A imagem abaixo ilustra isso:

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Exemplo de uma laranja e de um corpúsculo renal. As linhas tracejadas desenhadas na laranja inteira indica o plano de corte que se correlaciona a cada uma das superfícies de corte. (imagem retirada do livro Histologia: Texto e Atlas – Ross. 6 ed, 2012).

       2. Microscopia

 

    Com a tecnologia da microscopia podemos observar os objetos com tamanhos aumentados. Esses equipamentos são bem antigos, as ilustrações microscópicas são datadas por volta de 1555. Nos dias atuais, nós temos dois tipos de microscópicos que são o óptico e o eletrônico, porém iniciaremos com a microscopia óptica, por ser a mais utilizada.

Microscopia Óptica

Os microscópios ópticos utilizam luz visível ao olho humano. E, os equipamentos, por apresentarem mais de uma lente, são denominados microscópios ópticos compostos. Dentre esse grupo, podemos citar exemplos como: a microscopia de campo claro, escuro, contraste de fase, contraste de interferência diferencial e fluorescência. 

Conhecendo o Microscópio Óptico

   

    As imagens abaixo são fotografias dos microscópios utilizados em nosso laboratório. Será que você consegue identificar as suas partes? Passe o mouse sobre a seta para visualizar a nomenclatura e clique na seta para visualizar a descrição da peça.

     Geralmente, as partes de um microscópio são divididas em partes ópticas (lentes oculares, lentes objetivas, condensador, diafragma e fonte luminosa) e partes mecânicas (pé ou base, braço ou coluna, platina ou mesa, revólver ou tambor, tubo ou canhão, Charriot ou parafuso, parafuso macrométrico, parafuso micrométrico).

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Lentes oculares
Canhão ou tubo
Braço ou coluna
Tambor ou revólver
Lente objetiva
Lente objetiva
Lente objetiva
Mesa ou platina
Condensador/diafragma
Lâmpada
Pé ou base
Charriot ou parafuso
Parafuso macrométrico
Parafuso micrométrico
Presilha
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Lente objetiva
Canhão ou tubo
Canhão ou tubo
Lentes oculares
Lentes oculares
Lente objetiva
Lente objetiva
Presilha
Tambor ou revólver
Mesa ou platina
Pé ou base
Lâmpada
Condensador/diafragma

Compreendendo o Funcionamento do Microscópio Óptico

   

O que nos garante enxergar imagens ao microscópio?

    Quando a lâmina é atravessada pelo raio de luz, emitido pela fonte luminosa, deve apresentar um pequeno tamanho de comprimento de onda, para que quando esta venha a passar pelo tecido apresente uma maior resolução.

Nota: Resolução tem como definição a capacidade de enxergar dois pontos como unidades separadas e distintas (Black, 1998).

 

   A física tem dessas, mas vamos tentar compreender com a analogia trazida na imagem abaixo:

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Retirada de BLACK, 1999.

    Já sabemos como é garantida a qualidade na imagem, mas se repararmos um microscópio iremos rapidamente perceber que este apresenta uma grande quantidade de lentes. Por que será? Claramente, você (leitor), há de me responder que é pra aumentar a imagem (obviamente). Sim, você está correto, porém analisando mais profundamente percebemos que essa quantidade de lentes nos garante um jogo de imagem fantástico que será explicado por passos.

    Inicialmente, a luz que passou através da lâmina e chega as lentes objetivas vão formar uma imagem aumentada, essas lentes iniciais apresentam aumentos de 4x, 10x, 40x e 100x (em nossos microscópios); no entanto, essa imagem é invertida. Nesse momento entram em ação as lentes oculares, pois essa imagem invertida que chamaremos de imagem 1, vai ser formada e refletida por um prisma, então os raios vindos da imagem 1 atravessaram a lente ocular, a aumentará a imagem e ela será invertida novamente (no caso, ficando em pé), essa imagem a qual chamaremos de 2 é a imagem final que é formada na retina.

    Pareceu difícil? Vamos tentar facilitar com a imagem abaixo:

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Como calcular o aumento total?

     Primeiro verificamos o aumento das lentes oculares (no nosso laboratório é de 10x) e, em seguida, multiplicamos pelo aumento da lente objetiva que estamos utilizando (nossos microscópios possuem objetivas de 4x, 10x, 40x ou 100x). Assim, conseguiremos obter o aumento total. 

     Vamos facilitar com um exemplo?

 

  Aumento da lente ocular: 10x

  Aumento da lente objetiva: 4x

  Aumento total: 10 multiplicado por 4= 40x.

    Agora que você já conhece o microscópio e a maneira como o material histológico é preparado, vamos colocar essa teoria em prática?

       3. Dinâmicas

DINÂMICA 1 - COMO A IMAGEM É GERADA?

1. Recorte uma palavra ou apenas uma letra de uma revista ou jornal e posicione-a em uma lâmina de vidro;

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2. Fixe o papel colocando uma gota de água sobre ele;

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3. Como o material preparado não será preservado por muito tempo, não será necessário cobrir com a lamínula. Caso contrário, teríamos que utilizar a lamínula para preservação do material;

4. Agora esse material está pronto para visualização. Posicione a lâmina na platina, puxando a presilha. Lembre-se de começar utilizando a objetiva de menor aumento;

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5. Primeiramente, para facilitar a busca pelo foco, posicione a luz do microscópio passando pelo centro da lâmina. Para isso, utilize o Charriot;

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6. Agora você pode começar a ajustar o foco. O ajuste inicial é feito utilizando o parafuso macrométrico (A), até que uma imagem comece a se formar. Formada a imagem, agora você pode realizar o ajuste fino da imagem para que o foco seja alcançado com mais nitidez. Para isso, utilize o parafuso micrométrico (B);

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A

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B

7. Prontinho, essa é a imagem que você provavelmente vai visualizar!!!

Observe que a imagem formada está invertida. Por que????

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Imagem invertida

DINÂMICA 2 - UTILIZANDO CORANTES

1. Realizando a próxima dinâmica ficará claro por que utilizar corantes no preparo de células e tecidos é tão importante.

2. Escolha um voluntário;

3. Calce as luvas de procedimento e com o "swab" ou haste de algodão, passe na parte interna da bochecha do voluntário, realizando movimento circulares com a haste;

4. Fazer um esfregaço, girando a haste de algodão com o material coletado da bochecha em uma lâmina de vidro;

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5. Posicione a lâmina ao microscópio e tente visualizar o material. Você observará uma imagem semelhante a essa...

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Célula pavimentosa da mucosa oral sem corante
Célula pavimentosa da mucosa oral sem corante
Célula pavimentosa da mucosa oral sem corante
Célula pavimentosa da mucosa oral sem corante

As células são facilmente observadas? Podemos delimitar seus limites e núcleo? Pois é, por isso, precisamos submeter a maioria* do material histológico à coloração.

* algumas preparações não necessitam corantes, como o osso desgastado.

6. Retire a lâmina do microscópio;

7. Coloque-a sobre a bancada e fixe o material mergulhando a lâmina no álcool 70% e aguarde 1 minuto;

8. Retire a lâmina do álcool e pingue algumas gotas de corante (p. ex. azul de metileno) sobre o material do esfregaço;

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9. Aguarde 1 minuto e com o auxílio de uma pisseta, remova o excesso de corante com um jato de água destilada;

10. Retire a lâmina e escorra o excesso de líquido em um papel toalha;

11. Como não vamos manter a preparação por muito tempo, não será necessário o uso de lamínula;

12. Observe a preparação ao microscópio.

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100X

Célula pavimentosa da mucosa oral com corante
Célula pavimentosa da mucosa oral com corante
Célula pavimentosa da mucosa oral com corante
Célula pavimentosa da mucosa oral com corante
Célula pavimentosa da mucosa oral com corante
Célula pavimentosa da mucosa oral com corante
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100X

Célula pavimentosa da mucosa oral com corante
Célula pavimentosa da mucosa oral com corante
Célula pavimentosa da mucosa oral com corante
Célula pavimentosa da mucosa oral com corante
Célula pavimentosa da mucosa oral com corante
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400X

Núcleo da célula pavimentosa da mucosa oral
Citoplasma da célula pavimentosa da mucosa oral

      E agora? Ficou mais fácil visualizar as células??? Por que???

 Bons estudos!!!

      Todos os textos foram cuidadosamente elaborados e/ou revisados pelos discentes do projeto de extensão MorfoFuncionando: Além dos Muros da Universidade! e revisados pelos docentes do Laboratório Morfofuncional e Microscopia da Universidade Federal de Sergipe/Campus Lagarto. Qualquer dúvida ou sugestões nos envie um email.

      Vídeo aula elaborada pelos Profs. Drs. Luciana Valente e Tiago Gois do Laboratório Morfofuncional e Microscopia da Universidade Federal de Sergipe/Campus Lagarto.

       REFERÊNCIAS

 

1. ROSS H; PAWLINA M. Histologia – Texto e Atlas – Em Correlação com Biologia Celular e Molecular. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

2. BLACK, J.G. Microbiologia Fundamentos e Perspectivas. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. 

3. JUNQUEIRA, L C U; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

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