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Sistema DIGESTÓRIO

1. Trato Digestório ou Gastrointestinal

 

   Anatomicamente, o sistema digestório é formado pelos órgãos que compõem o trato gastrointestinal ou tubo digestório e os órgãos considerados acessórios ao trato gastrointestinal.

        O trato gastrointestinal (TGI) é composto pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso, os quais formam um tubo contínuo desde sua entrada,  a boca, até sua saída, o ânus. Ao longo de seu trajeto passa através das cavidades torácica e abdominopélvica onde mantém relações anatômicas com várias estruturas de outros sistemas. O comprimento do TGI é variável na pessoa viva (5 a 7 m) e no cadáver (7 a 9 m) devido ao tônus muscular. 

        Os órgãos acessórios ou anexos ao TGI são os dentes, a língua, as glândulas salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. Os dentes e a língua, localizados na cavidade oral, são responsáveis pela quebra do alimento e no auxilio a mastigação e a deglutição, respectivamente. Vale ressaltar que esses são os únicos órgãos acessórios que entram em contato com o alimento. Os demais órgãos acessórios são glândulas que possuem ductos que se abrem no lúmen ou luz do TGI. Tais órgãos são as glândulas salivares, o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar, os quais produzem ou armazenam secreções que auxiliam e/ou promovem a quebra química das substâncias ingeridas. As secreções desses órgãos que caem na luz no TGI são, portanto, exócrinas, porém, vale ressaltar que, tanto o fígado como o pâncreas, possuem funções endócrinas. 

          De forma geral, o sistema digestório tem as funções de ingestão das substâncias, secreção de fluidos, mistura e propulsão, que podem ser resumidas como motilidade, digestão (química e mecânica), absorção e defecação. 

VISÃO GERAL DO SISTEMA DIGESTÓRIO
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No modelo não estão representadas as glândulas salivares, cujos ductos se abrem na cavidade oral.

1.1. Trato Digestório Alto

   Alguns anatomistas dividem didaticamente o estudo do sistema digestório em duas porções. A primeira porção, o TRATO DIGESTÓRIO ALTO, compreende os órgãos que se encontram acima da cavidade abdominal, ou seja, da boca ao final do esôfago (apesar desse último adentrar o abdome em sua pequena parte final). A segunda porção, o TRATO DIGESTÓRIO BAIXO, corresponde aos órgãos que se encontram no abdome e sua parte terminal na pelve, ou seja, do estômago ao ânus.

1.1.1. Boca e Cavidade Oral

   A cavidade oral (boca) é o local situado entre os lábios e bochechas até o istmo das fauces, e que continua com a parte oral da faringe, posteriormente. Ela pode ser dividida em duas partes: o vestíbulo da boca e a cavidade própria da boca. O vestíbulo da boca é limitado anteriormente pelos lábios superior e inferior e pelos arcos dentais superior e inferior. Já a cavidade própria da boca tem como limite anterior os arcos dentais superior e inferior e o istmo das fauces como limite (abertura) posterior. A cavidade oral ainda possui um teto (teto da cavidade oral) limitado pelo palato e um assoalho (assoalho da boca) formado principalmente pela língua e pelos músculos milo-hioideos. As paredes laterais são formadas pelas bochechas.

   É na cavidade oral que os alimentos são triturados pelos dentes e manipulados pela língua para, posteriormente, seguir para a orofaringe. Essa cavidade é extremamente rica em receptores sensoriais responsáveis pela captação dos estímulos gustatórios, principalmente na língua, onde encontramos as papilas gustatórias. Portanto, é nesse local que se originam os sinais que ao chegarem ao córtex gustatório fazem com que percebamos os sabores dos alimentos (salgado, doce, azedo, amargo e umami). Além disso, a boca também está associada a fonação e a ventilação.

Vista anterolateral
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Vista anterolateral
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Vista medial de corte sagital mediano
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Língua

   A língua é um órgão que pode assumir vários formatos e posições devido à sua composição muscular esquelética. Uma fina túnica mucosa recobre a língua e uma de suas partes se encontra na cavidade oral e a outra na parte oral da faringe (orofaringe). As funções da língua envolvem a articulação das palavras, ou seja, formar palavras durante a fala e compressão do alimento para a parte oral da faringe como parte da deglutição, além de estar associada à mastigação, ao paladar e à limpeza da boca.

Língua
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Vista lateral da língua
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Vista medial de corte sagital mediano da língua
Vista anterossuperior da língua
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Vista posterossuperior da língua
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1.1.2. Faringe

   A faringe é um tubo musculomembranoso longo de 12-14 cm de comprimento que se inicia na base do crânio e continua até a margem inferior da cartilagem cricoidea anteriormente e na altura da vértebra C6 posteriormente. Ela é mais larga (cerca de 5 cm) quanto mais próximo do osso hioide e mais estreita (cerca de 1,5 cm) em sua extremidade inferior, onde é contínua com o esôfago. Contudo, a largura da faringe varia constantemente, pois é dependente do tônus da musculatura esquelética que forma sua parede posterior (músculos constritores da faringe superior, médio e inferior). Assim, em repouso, a junção faringoesofágica é fechada como resultado do fechamento tônico do esfíncter esofágico superior, por exemplo.  A faringe está localizada posteriormente, de superior para inferior, às cavidades nasal, oral e laríngea e pode ser dividida em 3 partes:

  • Parte nasal da faringe (NASOFARINGE): está localizada posterior aos cóanos e superior ao palato e faz parte do sistema respiratório.

  • Parte oral da faringe (OROFARINGE): está localizada posterior ao istmo das fauces e faz parte dos sistemas respiratório e digestório.

  • Parte laríngea da faringe (LARINGOFARINGE): está localizada posterior ao ádito da laringe e também faz parte dos sistemas respiratório e digestório.

Vista medial de corte sagital mediano
1.1.3. Esôfago

      O esôfago é um longo tubo fibromuscular (aproximadamente 25 cm de comprimento) que inicia no pescoço e termina na cavidade abdominal. Possui diâmetro médio de 2 cm e conduz o bolo alimentar, formado na cavidade oral, da faringe ao estômago. Ao entrar no mediastino superior, entre a traqueia e a coluna vertebral, pode ser observado anteriormente aos corpos vertebrais de T1–T4. Sua luz é praticamente colapsada no sentido anteroposterior. Além disso, esse órgão possui três constrições que podem ser facilmente visualizadas em exames de imagens, onde estruturas adjacentes deixam impressões.

VISTA MEDIAL DO ABDOME E PELVE
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VISTA SUPERIOR DO ABDOME
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       O esôfago:
  • Segue a curvatura da coluna vertebral ao descer através do pescoço se direcionando ao mediastino posterior na cavidade torácica;

  • Apresenta duas camadas musculares na túnica muscular externa: a muscular circular é mais profunda e muscular longitudinal é mais superficial. Em seu terço superior, a lâmina externa consiste em músculo estriado esquelético e, portanto, voluntário (derivado do músculo constritor inferior da faringe); o terço inferior é formado por músculo liso, e o terço médio é uma mescla dos dois tipos de músculos;

  • Na transição entre a cavidade torácica e abdominal, atravessa o hiato esofágico formado pelo pilar muscular direito do diafragma, logo à esquerda do plano mediano, na altura da vértebra T X;

  • Na cavidade abdominal, entra no estômago no óstio cárdico desse mesmo órgão, à esquerda da linha mediana, na altura da 7ª cartilagem costal esquerda e da vértebra T XI;

  • Distalmente, é circundado pelo plexo nervoso esofágico.

    Os movimentos peristálticos desencadeados na túnica muscular do esôfago fazem com que o alimento o atravesse rapidamente. A gravidade auxilia o deslocamento do bolo alimentar, porém, não é necessária para que essa função aconteça (é possível engolir de cabeça para baixo).

Vistas diversas para evidenciar as porções do esôfago
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Vista anterior de corte frontal do tórax e abdome
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2. Peritônio​

        O peritônio é uma membrana serosa transparente, contínua, brilhante e lubrificada. Reveste a cavidade abdominopélvica e recobre grande parte das vísceras. O peritônio consiste em duas lâminas contínuas: o peritônio parietal, que reveste a face interna da parede abdominopélvica, e o peritônio visceral, que reveste a superfície de vísceras como o estômago e intestinos. As duas lâminas de peritônio consistem em mesotélio, uma lâmina de epitélio pavimentoso simples que secreta um líquido seroso. O peritônio parietal tem a mesma vasculatura sanguínea e linfática e a mesma inervação somática que a região da parede que reveste, enquanto que o peritônio visceral e os órgãos que ele cobre têm a mesma vasculatura sanguínea e linfática e inervação visceral.
        Entre as camadas parietal e visceral do peritônio existe um espaço virtual, a cavidade peritoneal. As vísceras abdominais ou são suspensas na cavidade peritoneal por dobras do peritônio (mesentérios) ou estão fora da cavidade peritoneal. Os órgãos suspensos na cavidade são chamados de intraperitoneais; os órgãos fora da cavidade peritoneal, com apenas uma superfície ou parte de uma superfície recoberta pelo peritônio podem ser retroperitoneais, se estiverem entre o peritônio parietal e a parede posterior do abdome ou subperitoneais, se estiverem localizados na cavidade pélvica, logo abaixo do peritônio.
      A cavidade peritoneal é um espaço potencial com espessura capilar, situado entre as lâminas parietal e visceral do peritônio. Não contém órgãos, mas contém uma fina película de líquido peritoneal, que é composto de água, eletrólitos e outras substâncias derivadas do líquido intersticial em tecidos adjacentes. O líquido peritoneal lubrifica as faces peritoneais, permitindo que as vísceras se movimentem umas sobre as outras sem atrito e permitindo os movimentos da digestão. Além de lubrificar as faces das vísceras, o líquido peritoneal contém leucócitos e anticorpos que resistem à infecções. Os vasos linfáticos, sobretudo na face inferior do diafragma, cuja atividade é incessante, absorvem o líquido peritoneal evitando acúmulo do mesmo. A cavidade peritoneal é completamente fechada nos homens. Nas mulheres, porém, há uma comunicação com o exterior do corpo através das tubas uterinas, cavidade uterina e vagina. Essa comunicação é uma possível via de infecção externa. A cavidade peritoneal é dividida em saco maior e bolsa omental.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


        O mesentério é uma lâmina dupla de peritônio formada pela invaginação desse mesmo peritônio por um órgão, e é a continuidade dos peritônios visceral e parietal. Constitui um meio de comunicação neurovascular entre o órgão e a parede do corpo. O mesentério une um órgão intraperitoneal à parede do corpo — geralmente a parede posterior do abdome - dando sustentação a esse órgão.

      Os omentos consistem em duas camadas de peritônio que seguem a partir do estômago e da primeira parte do duodeno para outras vísceras. Existem dois omentos: o omento maior e o omento menor. O omento maior é uma prega peritoneal proeminente, que tem quatro camadas e pende como um avental da curvatura maior do estômago e da parte proximal do duodeno, depois desce e dobra-se para fixar à face anterior do colo transverso e seu mesentério. Já o omento menor é uma prega peritoneal muito menor, dupla, que une a curvatura menor do estômago e a parte proximal do duodeno ao fígado. Também une o estômago a uma tríade de estruturas que seguem entre o duodeno e o fígado na margem livre do omento menor. A partir do omento menor surgem dois ligamentos: um ligamento hepatogástrico (medial e passa entre o estômago e o fígado) e o ligamento hepatoduodenal (lateral e passa entre o duodeno e o fígado). Importante definir que um ligamento peritoneal consiste em uma dupla camada de peritônio que une um órgão a outro ou à parede do abdome. Outros ligamentos são: ligamento gastrofrênico (estômago unido à face inferior do diafragma), ligamento gastroesplênico (estômago unido ao baço), ligamento gastrocólico (estômago unido ao colo transverso).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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1. A cavidade peritoneal é formada durante o início da gestação com a formação do celoma peritoneal que dará origem ao peritônio como uma bolsa fechada aderida a toda parede interna da cavidade abdominal;

2. Os órgãos começam a se desenvolver a partir da parede posterior do abdome. Alguns se projetam anteriormente empurrando o peritônio em direção à cavidade peritoneal e outros permanecem associados à parede posterior do abdome;

3. À medida que os órgãos se projetam anteriormente, a lâmina peritoneal aderida à superfície do órgão começa a envolver o órgão cada vez mais. sendo essa lâmina denominada agora de peritônio visceral. A parte do peritônio primordial que permanece aderido à parede interna da cavidade abdominal passa a ser denominada de peritônio parietal;

4. Os vasos sanguíneos e nervos associados aos órgãos os acompanham e passam também a ser revestidos por peritônio visceral, formando os mesentérios.

5. Os órgãos que são revestidos em sua maior parte por peritônio visceral são denominados de intraperitoneais (intestinos, fígado, estômago...).  Já os órgãos que permanecem associados à parede posterior do abdome são retroperitoneais. Os órgãos pélvicos que se projetam em parte para a cavidade abdominal são órgãos subperitoneais.

Nessa palestra temos uma explicação sobre PERITÔNIO. Confira!!!

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VISTA SUPERIOR DO ESTÔMAGO
VISTA ANTERIOR DO ABDOME
VISTA POSTERIOR DO ESTÔMAGO
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Neurovasculatura

       A pele e músculos da parede abdominal àntero-lateral são supridos pelos nervos espinais T7 a T12 e L1. Os ramos anteriores destes nervos espinais passam ao redor do corpo, de posterior para anterior, num sentido ínfero-medial. Tais nervos fornecem ramos para os músculos da parede abdominal ântero-lateral. Os nervos T7 a T9 suprem a pele a partir do processo xifóide até imediatamente acima do umbigo; T10 supre a pele ao redor do umbigo; T11, T12 e L1 suprem a pele imediatamente abaixo do umbigo até e, inclusive, a região púbica; o nervo íleo inguinal (um ramo de L1) supre a superfície anterior do escroto e lábios maiores e envia um pequeno ramo cutâneo para a coxa.

       Quanto aos vasos, eles são distribuídos de forma superficial e profunda. Os vasos superficiais são: artéria musculofrênica (ramo terminal da artéria torácica interna) que supre a parte superior da parede; artéria epigástrica superficial e artéria ilíaca circunflexa superficial (ambas ramos da artéria femoral) que suprem a parte inferior da parede. Já os vasos profundos são: artéria epigástrica superior supre a parte superior da parede; artéria subcostal e ramos da décima e décima primeira artérias intercostais suprem a parte lateral da parede; artéria epigástrica inferior e artéria ilíaca circunflexa profunda (ramos da artéria ilíaca externa) suprem a parte inferior da parede.

3.2.2. Jejuno e Íleo

   O jejuno é a segunda parte do intestino delgado. Ele começa na flexura (ou junção) duodenojejunal, região onde o sistema digestório volta a ser intraperitoneal e, portanto, possui mesentério. Por fim, o íleo é a terceira parte do intestino delgado, terminando na junção ileocecal, a transição entre o intestino delgado e o intestino grosso.

      O jejuno e o íleo possuem juntos cerca de 6 a 7 m de comprimento, o jejuno é responsável por cerca de dois quintos e o íleo por cerca de três quintos da parte intraperitoneal do intestino delgado.

    Assim como a maior parte do sistema digestório, a estimulação do sistema nervoso simpático reduz a peristalse e a atividade secretora do intestino, além de atuar como um vasoconstritor, diminuindo (ou interrompendo) a digestão e disponibilizando energia para “fugir ou lutar”. A estimulação do sistema nervoso parassimpático aumenta a peristalse e a atividade secretora do intestino, restaurando o processo de digestão após uma reação simpática. O intestino delgado apesar de apresentar fibras aferentes viscerais (sensitivas) não tem sensibilidade à maior parte dos estímulos dolorosos (inclusive incisão e queimadura), entretanto, é sensível à distensão (sensação de cólica - dor abdominal espasmódica).

      Não existe um limite anatômico separando o jejuno do íleo, porém, quando dividimos o abdome (abaixo do colo transverso; infracólico) em quadrantes, a maior parte do jejuno está situada no quadrante superior esquerdo (QSE) do compartimento infracólico, enquanto a maior parte do íleo está no quadrante inferior direito (QID). A parte terminal do íleo geralmente está na pelve maior, de onde ascende, terminando na face medial do ceco.

 
  VASCULARIZAÇÃO, LINFÁTICOS E INERVAÇÃO DO JEJUNO E ÍLEO

   Através das artérias jejunais e ileais, a artéria mesentérica superior supre o jejuno e o íleo. A artéria mesentérica superior, após sua origem na parte abdominal da aorta, segue entre as camadas do mesentério, fornecendo 15 a 18 ramos para o jejuno e o íleo. As artérias se anastomosam formando alças ou arcos, chamados arcos arteriais, que originam as artérias retas.

    A drenagem do jejuno e do íleo é feiTa pela veia mesentérica superior. Ela, por sua vez, localiza-se anteriormente e à direita da artéria mesentérica superior na raiz do mesentério. A veia mesentérica superior se une à veia esplênica e forma a veia porta, posteriormente ao colo do pâncreas.

  As vilosidades intestinais (pequenas projeções da túnica mucosa intestinal) possuem vasos linfáticos especializados (vasos lactíferos) que absorvem gordura. Eles, por sua vez, drenam seu líquido para os plexos linfáticos nas paredes do jejuno e do íleo. Então, os vasos lactíferos drenam para os vasos linfáticos entre as camadas do mesentério. No mesentério, a linfa atravessa sequencialmente três grupos de linfonodos:

  1. Linfonodos justaintestinais: situados perto da parede intestinal

  2. Linfonodos mesentéricos: dispersos entre os arcos arteriais

  3. Linfonodos centrais superiores: situados ao longo da parte proximal da artéria mesentérica superior.

  Os vasos linfáticos que saem dos linfonodos mesentéricos drenam para os linfonodos mesentéricos superiores. Os vasos linfáticos da região terminal do íleo seguem o ramo ileal da artéria ileocólica até os linfonodos ileocólicos.

    A artéria mesentérica superior e seus ramos são cercados por um plexo nervoso periarterial pelo qual os nervos são levados até as partes do intestino supridas por essa artéria. As fibras simpáticas nos nervos para o jejuno e o íleo tem origem nos segmentos T8 a T10 da medula espinal e vão até ao plexo mesentérico superior através dos troncos simpáticos e nervos esplâncnicos (maior, menor e imo) torácicos abdominopélvicos. As fibras simpáticas pré-ganglionares realizam sinapse nos corpos celulares dos neurônios simpáticos pós-ganglionares nos gânglios celíaco e mesentérico superior (pré-vertebral). As fibras parassimpáticas nos nervos para o jejuno e íleo vêm dos troncos vagais posteriores. As fibras parassimpáticas pré-ganglionares realizam sinapse com os neurônios parassimpáticos pós-ganglionares nos plexos mioentérico e submucoso na parede do intestino.

Vista anterior
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QSD
QSE
QID
QIE
Vista posterior
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Vista posterolateral
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Vista superior
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3. Trato Digestório Baixo

     Parte do tubo digestório localizada no abdome.
 

3.1. Estômago

    É uma expansão do TGI entre o esôfago e o duodeno, situado logo abaixo do diafragma, responsável por preparar química e mecanicamente os alimentos para a passagem pelo duodeno. A parte química da digestão ocorre devido à produção do suco gástrico que, ao agir sobre o bolo alimentar, transforma-o em uma mistura semilíquida à qual denominamos quimo. O estômago tem ainda a função de armazenar o alimento e regular o acesso ao duodeno. Além disso, é a parte mais larga do trato alimentar e tem sua capacidade de expansão associada à idade e ao volume da refeição.
























































































































 
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Vista anterior
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Vista posterior
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Vista superior
Vista inferior
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Vista interna da parede anterior
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3.3. Intestino grosso

     É a porção final do trato digestório, local onde haverá a maior parte da absorção da água, íons e vitaminas das substâncias ingeridas, transformando o quimo líquido em uma pasta semi-sólida, as fezes. As fezes ficam confinadas/armazenadas no intestino até a defecação e durante toda sua formação sofrem a ação de bactérias intestinais. Além disso, o intestino grosso produz bastante muco para proteger sua parede interna do atrito com as fezes e de substâncias potencialmente lesivas.

       Alguns autores dividem intestino grosso em quatro partes e outros, em cinco partes.  De forma geral, temos o ceco, o apêndice vermiforme, os colos, o reto e o canal anal. Algumas características nos permitem diferenciar o intestino grosso do intestino delgado:

  • Diâmetro: o intestino grosso, como a nomenclatura indica, tem um maior diâmetro que o intestino delgado, podendo chegar até 6,5 cm de diâmetro;

  • Comprimento: o intestino grosso é mais curto, alcançando até 1,5 m de comprimento;

  • Tênias do colo: apenas o intestino grosso possui um espessamento da camada muscular longitudinal. As tênias são mais curtas que o intestino grosso como um todo e, por esse motivo, formam enrugamentos na parede, como se fosse um elástico no cós de uma calça, as saculações;

  • Apêndices omentais do colo: pequenas projeções de tecido adiposo localizadas nos colos.

Vista anterior
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Vista anterior
3.2. Intestino delgado

     O intestino delgado é a porção mais longa do trato digestório e pode alcançar até 7 metros de comprimento (9 metros no cadáver). É formado por três divisões: duodeno, jejuno e íleo. Essas três porções são responsáveis pela maior parte da absorção dos nutrientes ingeridos. O intestino delgado inicia a partir do piloro e termina na junção ileocecal, local em que o íleo se une ao ceco, a primeira parte do intestino grosso. A parte pilórica do estômago esvazia-se no duodeno, sendo o esvaziamento gástrico e, consequente, entrada do quimo no duodeno, controlado pelo piloro.
3.2.1. Duodeno
   O duodeno é a primeira parte do intestino delgado, além disso, também é a parte mais curta (25 cm), mais larga e mais fixa. Ele segue um percurso em forma de C em volta da cabeça do pâncreas; tem início no piloro e termina na flexura (ou junção) duodenojejunal (aproximadamente na altura da vértebra L II, cerca de 2 a 3 cm à esquerda da linha mediana). O duodeno é considerado um órgão retroperitoneal e sua maior parte é fixada pelo peritônio a estruturas na parede posterior do abdome.

      O duodeno é dividido em quatro partes:

Parte superior (primeira): é uma parte curta (aproximadamente 5 cm) que se inicia no piloro, situada anterolateralmente ao corpo da vértebra L I e que contém uma dilatação denominada de ampola do duodeno. A ampola é formada pelos 2 cm iniciais da parte superior e contém mesentério, ou seja, é a única porção intraperitoneal do duodeno.

Parte descendente (segunda): é a porção mais longa (7 a 10 cm) do duodeno, desce ao longo das faces direitas das vértebras L I a L III e sua margem medial tem íntima relação com a cabeça do pâncreas. Em sua luz abrem-se o ducto pancreático acessório, por meio da papila menor e a ampola do ducto hepatopancreático, por meio da papila maior.

Parte inferior ou horizontal (terceira): praticamente no plano transverso, possui de 6 a 8 cm de comprimento, cruza a vértebra L III.

Parte ascendente (quarta): também é curta (5 cm), começa à esquerda da vértebra L III e segue superiormente até a margem superior da vértebra L II, terminando na flexura duodenojejunal.

     VASCULARIZAÇÃO, LINFÁTICOS E INERVAÇÃO DUODENAL

   A vascularização arterial do duodeno tem origem no tronco celíaco e na artéria mesentérica superior. O tronco celíaco, através da artéria gastroduodenal e seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal superior, supre a região do duodeno proximal à entrada do ducto colédoco. A artéria mesentérica superior, por meio de seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal inferior, supre o duodeno distal à entrada do ducto colédoco. A anastomose das artérias pancreaticoduodenais superior e inferior ocorre entre a entrada do ducto colédoco e a união das partes descendente e inferior do duodeno.

  **O tronco celíaco é responsável pela irrigação da parte proximal do sistema digestório, estendendo-se oralmente até a parte abdominal do esôfago. Já a região distal, a artéria mesentérica superior é a responsável, estendendo-se aboralmente (afastando-se da boca) até a flexura esquerda do colo.

    Diretamente ou através das veias mesentérica superior e esplênica, as veias do duodeno seguem as artérias e drenam para a veia porta.

    Os vasos linfáticos duodenais seguem as artérias. Os vasos linfáticos anteriores drenam para os linfonodos pancreaticoduodenais (localizados ao longo das artérias pancreaticoduodenais superior e inferior) e para os linfonodos pilóricos (localizados ao longo da artéria gastroduodenal). Os vasos linfáticos posteriores acompanham posteriormente à cabeça do pâncreas e drenam para os linfonodos mesentéricos superiores. Os linfonodos celíacos recebem a linfa dos linfonodos duodenais.

   A partir do nervo vago e dos nervos esplâncnicos (abdominopélvicos) maior e menor, por meio dos plexos celíaco e mesentérico superior, surgem os nervos do duodeno. Os nervos seguem para o duodeno através de plexos periarteriais que se estendem até as artérias pancreaticoduodenais.

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Vista anterior
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Vista posterior
Vista anterior
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Vista anterolateral
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4. Órgãos Acessórios ou Anexos ao Trato Digestório

4.1. Língua

     A língua é um órgão muscular móvel recoberto por túnica mucosa que forma parte do assoalho da cavidade oral e a parte anterior da parte oral da faringe (orofaringe). Por sua notável mobilidade, ela pode assumir vários formatos e posições. A parte anterior da língua, que pertence à cavidade própria da boca, pode ser dividida em: ápice, raiz, corpo, dorso e face inferior. Dentre as principais funções da língua estão: articulação (formar palavras durante a fala) e compressão do alimento para a orofaringe, como parte do processo de deglutição. Além disso, a língua também está relacionada à mastigação, ao paladar e à limpeza da boca. A descrição completa da língua foi feita no tópico sobre CAVIDADE ORAL.



 
4.2. Dentes

     Os dentes são estruturas resistentes compostas por dentina, polpa e esmalte. Eles estão inseridos nos alvéolos dentais dos processos alveolares dos ossos maxilas e mandíbula, formando os arcos dentais superior e inferior, respectivamente. As principais funções dos dentes são: cortar, reduzir e misturar o alimento à saliva durante a mastigação; participar da articulação da fala; e ajudar sua própria sustentação nos alvéolos dentais, auxiliando o desenvolvimento e a proteção dos tecidos que o sustentam. Por fim, os dentes são classificados como decíduos (primários), também conhecidos coloquialmente por "dentes de leite" ou permanentes (secundários).
       Anatomicamente, os dentes podem ser divididos em: coroa, colo e raiz. A dentina é o tecido duro em maior quantidade nos dentes, sendo a coroa recoberta por esmalte e a porção radicular recoberta por cemento. "A face vestibular (labial ou bucal) de cada dente apresenta-se voltada externamente, para o vestíbulo da boca, e a face lingual ou face palatina está voltada internamente, em contato com a língua. Segundo o uso na prática clínica (odontológica), a face mesial de um dente está voltada em direção ao plano mediano da parte facial do crânio. A face distal está voltada em direção oposta a esse plano. Tanto a face mesial quanto a face distal são superfícies de contato – isto é, superfícies que tocam dentes adjacentes. A superfície mastigatória é a face oclusal". (MOORE; DALLEY; AGUR, 2018)
       
Vista lateral
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Vista posterossuperior
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4.3. Glândulas salivares

        Glândulas salivares são órgãos epiteliais glandulares que sintetizam, maturam e secretam a saliva para a cavidade oral. Existem três pares de glândulas salivares maiores, a glândula parótida, a glândula submandibular e a glândula sublingual, além de glândulas menores (glândulas salivares acessórias) localizadas no palato, nos lábios, nas bochechas, nas tonsilas e na língua. Esses órgãos são histologicamente divididos em parênquima e estroma. O parênquima compreende a porção funcional das glândulas salivares, o qual é constituído por unidades estruturais denominadas adenômeros. O estroma compreende todas as estruturas de suporte e sustentação da glândula incluindo o tecido conjuntivo, os vasos linfáticos e sanguíneos e feixes nervosos.

       A saliva é insípida, inodora e incolor e possui várias funções importantes como manutenção da umidade da túnica mucosa da boca, lubrificação do alimento durante a mastigação, inicia a digestão de amidos com a secreção da amilase salivar, atua como “colutório” intrínseco e é importante na prevenção das cáries dentais (contém substâncias bactericidas) e no paladar, já que as substâncias químicas dos alimentos e bebidas devem se difundir para estimular os receptores sensoriais nas papilas gustatórias.

   As glândulas parótidas estão em posição lateral e posterior aos ramos da mandíbula e aos músculos masseteres, dentro de bainhas fibrosas inflexíveis. As glândulas parótidas drenam anteriormente através de ductos únicos que entram no vestíbulo da boca anteriormente aos segundos molares maxilares.

       As glândulas submandibulares situam-se ao longo da face interna do corpo da mandíbula superficialmente ao músculo milo-hióideo. O ducto submandibular (5 cm de comprimento), tem origem da parte da glândula situada entre os músculos milo-hióideo e hioglosso. Seguindo da região lateral para a região medial, o nervo lingual faz uma volta sob o ducto que segue anteriormente, abrindo-se por meio de um a três óstios em uma pequena papila sublingual ao lado da base do frênulo da língua. "Os óstios dos ductos submandibulares são visíveis, e pode-se ver o gotejamento da saliva (ou a pulverização durante o bocejo)" (MOORE; DALLEY; AGUR, 2018).

          As glândulas sublinguais são as menores e mais profundas localizadas no assoalho da boca entre a mandíbula e o músculo genioglosso. As glândulas de cada lado unidas formam uma massa em formato de ferradura ao redor do centro de tecido conjuntivo do frênulo da língua. Essas glândulas possuem vários ductos sublinguais muito pequenos que desaguam no assoalho da boca ao longo das pregas sublinguais.

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Vista lateral da língua
Vista anterolateral
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3.4. Pâncreas

     O pâncreas também é um órgão acessório da digestão. Sendo classificado como uma glândula mista, é capaz de realizar funções endócrinas e exócrinas. A maior parte de sua secreção é exócrina, o suco pancreático produzido pelas células acinares, que é secretado no duodeno através dos ductos pancreáticos principal (via ampola hepatopancreática) e acessório, e tem importante papel na digestão de lipídios, carboidratos e proteínas.

   Suas secreções endócrinas são os hormônios insulina, glucagon, somatostatina e polipeptídio pancreático, produzidos pelas ilhotas pancreáticas, que são secretados diretamente no sangue e são responsáveis pela homeostase da glicose e pela função da parte alta do trato gastrintestinal, dentre outras.

     O pâncreas está localizado entre o duodeno e o baço, posteriormente ao estômago, e é um órgão retroperitoneal, de coloração rosada e de superfície lisa, lobulada e firme. Anatomicamente, é dividido em quatro partes: cabeça, colo, corpo e cauda. A cabeça do pâncreas é a parte dilatada circundada pela margem medial do duodeno em forma de C, à direita dos vasos mesentéricos superiores (firmemente fixada à face medial das partes descendente e horizontal do duodeno). Possui uma projeção da parte inferior, o processo uncinado (em forma de gancho), que estende-se medialmente para a esquerda, posteriormente à a. mesentérica superior. A cabeça do pâncreas está apoiada posteriormente na VCI, artéria e veia renais direitas, e veia renal esquerda. Em seu trajeto para se abrir na parte descendente do duodeno, o ducto colédoco situa-se em um sulco na face posterossuperior da cabeça ou está inserido em sua substância.

       O colo do pâncreas é a parte estreita curta localizada sobre os vasos mesentéricos superiores. sua face anterior está diretamente coberta por peritônio, e é adjacente ao piloro do estômago. A veia mesentérica superior une-se à veia esplênica posteriormente ao colo para formar a veia porta do fígado. corpo do pâncreas é contíguo ao colo à esquerda dos vasos mesentéricos superiores, passando sobre a aorta e a vértebra L II e posteriormente à bolsa omental. A face anterior do corpo do pâncreas também é coberta por peritônio, está situada no assoalho da bolsa omental e forma parte do leito do estômago. A face posterior do corpo do pâncreas não tem peritônio e está em contato com a aorta, artéria mesentérica superior, glândula suprarrenal esquerda, rim esquerdo e vasos renais esquerdos.

       A cauda do pâncreas situa-se anteriormente ao rim esquerdo, onde está intimamente relacionada ao hilo esplênico e à flexura esquerda do colo, é relativamente móvel e passa entre as camadas do ligamento esplenorrenal junto com os vasos esplênicos.

        O suco pancreático produzido pelos ácinos pancreáticos (porção exócrina) é drenado pelos ductos pancreáticos. O ducto pancreático principal começa na cauda do pâncreas e atravessa o parênquima da glândula até a cabeça do pâncreas onde se volta inferiormente e se funde ao ducto colédoco (proveniente da vesícula biliar), formando a ampola hepatopancreática (de Vater) curta e dilatada, que se abre na parte descendente do duodeno, na papila maior do duodeno. "Em pelo menos 25% das pessoas, os ductos se abrem no duodeno separadamente" (MOORE; DALLEY; AGUR, 2018).

      O ducto pancreático acessório drena uma pequena parte da cabeça do pâncreas e abre-se no duodeno na papila menor. Geralmente ele se comunica com o ducto pancreático principal.

 
 
 
 
 
4.5. Fígado

     O fígado é a maior víscera abdominal e a maior glândula do corpo humano, representando cerca de 2,5% de todo o peso corporal do adulto, e ocupando quase todo o hipocôndrio direito e o epigástrio. Possui coloração marrom avermelhada, que pode variar segundo o seu teor de gordura, a qual lhe confere cor amarelada quando está em excesso.

     No feto, o fígado tem importante função na hematopoese. No adulto, realiza uma série de atividades metabólicas relacionadas a manter a homeostase, a nutrição e a imunidade. Todos os nutrientes absorvidos pelo trato gastrintestinal, exceto a maior parte dos lipídios, são levados ao fígado através do sistema venoso porta. Este órgão remove substâncias tóxicas ou potencialmente tóxicas no sangue, atua na regulação da glicose ao armazenar o glicogênio, além de armazenar também algumas vitaminas, ferro e outros micronutrientes. O fígado também produz e secreta bile, essencial para que os lipídios possam ser digeridos pelas lipases. A bile é armazenada e concentrada na vesícula biliar e quando um alimento rico em lipídios chega ao duodeno, a vesícula biliar envia a bile concentrada através das vias biliares.

     Devido à grande quantidade de reações químicas em que o fígado está envolvido, que são em grande parte exotérmicas, uma parte substancial da energia térmica do corpo em repouso é liberada no fígado.

       O fígado está situado principalmente no quadrante superior direito do abdome, onde é protegido pela caixa torácica e pelo diafragma. O fígado tem uma face diafragmática convexa (anterior, superior e algo posterior) e uma face visceral relativamente plana, ou mesmo côncava (posteroinferior), que são separadas anteriormente por sua margem inferior aguda, que segue a margem costal direita, inferiormente ao diafragma. A face diafragmática do fígado é lisa e tem forma de cúpula, onde se relaciona com a concavidade da face inferior do diafragma, que a separa das pleuras, pulmões, pericárdio e coração (MOORE; DALLEY; AGUR, 2018).

     O peritônio parietal se reflete (dobra) na região onde está o fígado e recobre a sua face diafragmática, passando a ser, então, peritônio visceral. Exceto posteriormente, na área nua do fígado, não há revestimento peritoneal e o fígado está em contato direto com o diafragma. A área nua é demarcada pela reflexão do peritônio do diafragma para o fígado, como as lâminas anterior (superior) e posterior (inferior) do ligamento coronário. Essas lâminas se unem à direita para formar o ligamento triangular direito e divergem para a esquerda a fim de envolver a área nua triangular. Próximo ao ápice (a extremidade esquerda) do fígado cuneiforme, as lâminas anterior e posterior da parte esquerda do ligamento coronário se encontram para formar o ligamento triangular esquerdo. É na área nua do fígado que encontramos um sulco por onde passa a veia cava inferior. As veias hepática que drenam o sangue rico em gás carbônico tributam na veia cava inferior.

     A face visceral do fígado também é coberta por peritônio visceral, exceto na fossa da vesícula biliar (local onde se aloja a vesícula biliar) e na porta do fígado (uma região em forma de fissura transversal onde encontramos os vasos hepáticos (veia porta, artéria hepática e vasos linfáticos; OBS. as veias hepáticas não se encontram nessa região), o plexo nervoso hepático e os ductos hepáticos que suprem e drenam o fígado. Diferente da face diafragmática lisa, a face visceral tem muitas fissuras e impressões resultantes do contato com outros órgãos.

      Ainda na face visceral encontramos o ligamento redondo do fígado. Esse ligamento é o remanescente fibroso (cicatrizado) da veia umbilical, que levava o sangue oxigenado e rico em nutrientes da placenta para o feto. Durante a vida intrauterina a veia umbilical tem trajeto na face visceral do fígado e tributa na veia cava inferior por meio do ducto venoso. Quando o cordão umbilical é seccionado após o nascimento, a porção da veia umbilical que permanece no interior do corpo cicatriza formando o ligando redondo do fígado que segue na margem livre do ligamento falciforme. O ligamento venoso é o remanescente fibroso do ducto venoso fetal, que desviava sangue da veia umbilical para a VCI, passando ao largo do fígado.

          O fígado é dividido anatomicamente em lobos, porém, funcionalmente a divisão é um pouco mais complexa. Externamente, o fígado é dividido em dois lobos anatômicos e dois lobos acessórios pelas reflexões do peritônio a partir de sua superfície, as fissuras formadas em relação a essas reflexões e os vasos que servem ao fígado e à vesícula biliar. O ligamento falciforme, na superfície anterior da face diafragmática, e a fissura sagital esquerda, na face visceral, separa o lobo direito, grande, do lobo esquerdo, bem menor. Os dois lobos acessórios estão localizados na face visceral. As fissuras sagitais direita e esquerda passam de cada lado dos – e a porta do fígado transversal separa – dois lobos acessórios (partes do lobo hepático direito anatômico): o lobo quadrado, anterior e inferiormente, e o lobo caudado, posterior e superiormente.

      VESÍCULA BILIAR: é um divertículo situado numa fossa rasa na face visceral do fígado, a fossa da vesícula biliar. É responsável por armazenar e concentrar a bile produzida pelo fígado, e liberá-la no duodeno mediante a chegada de alimentos neste local, através de uma série de ductos que formam as vias biliares.

      No adulto, a vesícula possui cerca de 7 a 10 cm de comprimento e uma capacidade de até 50ml. Possui coloração azul acinzentada, e é fixada à face visceral do lobo direito do fígado pelo peritônio da superfície desse órgão. A face hepática da vesícula biliar é fixada ao fígado pelo tecido conjuntivo da sua própria cápsula fibrosa. Além disso, a vesícula biliar possui um fundo que emerge do fígado, um corpo localizado anteriormente ao duodeno e um colo localizado superiormente ao duodeno.

     A bile produzida pelo fígado e drenada do mesmo, sai pela porta do fígado por meio dos ductos hepáticos direito e esquerdo, os quais confluem para formar o ducto hepático comum. Nesse ponto, a bile pode seguir dois caminhos: pelo ducto cístico em direção à vesícula biliar, onde será armazenada ou seguir pelo ducto colédoco em direção ao duodeno, onde será excretada. É importante lembrar que na maioria das pessoas o ducto colédoco se une ao ducto pancreático principal para formar a ampola hepatopancreática que se abre no duodeno por meio da papila maior. Existe um músculo esfíncter da ampola hepatopancreática (de Oddi) que controla a liberação de suco pancreático e bile pela ampola hepatopancreática.

Fígado: posição anatômica
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Vista anterossuperior da face diafragmática
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Vista posterior da face diafragmática
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Vista superior da face diafragmática
Vista Posteroinferior
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Vista inferior (face visceral)
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Vista inferior (Face visceral)
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Vista anterior (órgãos retroperitoneais)
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Vista anterior

REFERÊNCIAS

STANDRING, Susan. Gray’s, anatomia – A base anatômica da prática clínica. 40 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

MOORE, Keith L.  Anatomia orientada para a clínica. 7. ed.  Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

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