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O tecido conjuntivo é o mais abundante no organismo, formando um compartimento vasto e contínuo em todo o corpo, interligando os órgãos e os outros tecidos. Diferente do tecido epitelial, o conjuntivo se caracteriza por ser vascularizado e conter diferentes tipos de células espaçadas e imersas em grande quantidade de matriz extracelular (MEC). Esta matriz é composta por fibras (colágenas, elásticas e reticulares) produzidas pelos fibroblastos e a substância fundamental, um componente não-fibrilar, constituído por bastante água, moléculas de proteoglicanos, glicosaminoglicanos e glicoproteínas multiadesivas. Os diferentes tipos de conjuntivo são classificados com base na proporção e tipos de células, assim como, na composição da sua matriz extracelular.
SUGESTÃO DE VÍDEO AULA - TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO - Ministrada pela nossa profa. Dra. Luciana Valente Borges
1. COMPONENTES DO TECIDO CONJUNTIVO
1.1. CÉLULAS
O tecido conjuntivo é formado por células imersas em grande quantidade de matriz extracelular. Em geral, as células desse tecido exibem pouca movimentação e são consideradas residentes, porém, existem células transitórias provenientes do sangue que migram para o tecido conjuntivo em resposta a estímulos específicos.
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Células Residentes: fibroblastos, miofibroblastos, macrófagos (esse conceito parece ter mudado recentemente), adipócitos, mastócitos e células-tronco adultas.
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Células Transitórias: linfócitos, plasmócitos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos e monócitos.
OBS: vamos estudar agora as principais células do tecido conjuntivo, que são os fibroblastos. A maioria outras células serão estudadas no tema: Sangue.
1.1.1. Fibroblastos
Os fibroblastos são as células mais presentes e de maior importância no tecido conjuntivo, participando na síntese de vários compostos da MEC. Essas células produzem fibras colágenas, elásticas e reticulares, carboidratos para a substância fundamental - glicosaminoglicanos, proteoglicanos e proteínas multiadesivas, participando da manutenção do meio extracelular, além de produzir fatores de crescimento, controlando o crescimento, desenvolvimento e diferenciação celular. Em preparação de rotina corados com H&E, os fibroblastos se apresentam como células com núcleo basófilo ovoide a fusiforme. Seu nucléolo pode estar evidente, o que indica que a célula está em processo de síntese proteica. Seu citoplasma é bastante delgado devido à desidratação do tecido, apresentando-se com coloração eosinofílica devido à sua natureza básica. Dependendo da situação fisiológica dos tecidos, a cromatina dos núcleos dos fibroblastos se condensa e eles diminuem seu metabolismo e sua maquinaria intracelular, o tornando menos ativo. Quando isso acontece, eles tomam uma nova nomenclatura e passam a se chamar fibrócitos.
Imunohistoquímica de meio de cultura de células da pele. Os fibroblastos aparecem em verde com núcleos azuis (Fonte: desconhecida).
1.2 MATRIZ EXTRACELULAR (MEC)
A MEC é o componente mais abundante do tecido conjuntivo. É composta por diferentes fibras (colágenas, elásticas e reticulares) e a substância fundamental, formada por moléculas de proteoglicanos, glicosaminoglicanos e glicoproteínas.
1.2.1. Fibras
A depender da função do tecido conjuntivo em determinado órgão, os fibroblastos produzirão diferentes tipos de fibras proteicas. As fibras do tecido conjuntivo são compostas por longas cadeias peptídicas e podem ser nomeadas em fibras colágenas, fibras elásticas e fibras reticulares. Quer saber mais sobre cada tipo de fibra? Clique nas setas e encontre várias informações!
1.2.2. Substância Fundamental
Além das fibras, outro componente da matriz extracelular, é a substância fundamental, formada por moléculas de proteoglicanos, glicosaminoglicanos e glicoproteínas. Todos esses componentes são sintetizados e secretados por fibroblastos residentes no tecido conjuntivo e todos esses componentes se equilibram para promover a arquitetura e função desse tecido. A presença desses compostos na MEC organiza as reações bioquímicas, regula as ações metabólicas das células, modula as respostas de crescimento e diferenciação celular e influencia a transmissão de informações através da membrana plasmática das células imersas no tecido. Várias dessas moléculas compõem a substância fundamental, um líquido viscoso, translúcido e riquíssimo em água que se localiza entre as fibras e células no tecido. A depender da preparação do tecido para estudo, a substância fundamental se perde devido aos processos de desidratação, sendo vistas como um espaço vazio em meio às estruturas do tecido.
Por ser rica em moléculas glicoproteicas, o método ácido periódico-Schiff (PAS) pode ser utilizado para estudo da substância fundamental. Os componentes da substância são:
2. CLASSIFICAÇÃO DO TECIDO CONJUNTIVO
O tecido conjuntivo é classificado de acordo com a seus tipos e características de seus componentes (células e substância fundamental). Para facilitar o seu entendimento, organizamos a classificação em um esquema resumido. Confira logo abaixo!
Esquema elaborado pelos autores do site com base no livro de histologia de ROSS.
2.1. TECIDO CONJUNTIVO EMBRIONÁRIO
A maior parte dos tecidos conjuntivos do organismo se origina do mesoderma (a camada média dos três folhetos embrionários). Porém, algumas porções deste tecido podem ser originadas da crista neural. A partir da migração das células do mesoderma e da crista neural, o tecido conjuntivo primitivo, também chamado de mesênquima, se prolifera, condensa e se matura nos diversos tipos de tecido conjuntivo.
O mesênquima é constituído por células estreladas ou fusiformes, espaçadas, unidas por junções comunicantes através de prolongamentos citoplasmáticos formando uma rede de células indiferenciadas. A MEC tem compostos altamente hidrofílicos (glicosaminoglicanos, proteoglicanos) que atraem uma considerável quantidade de água, o que pressiona as células ao seu formato estrelado e alongado, além de escassas fibras colágenas e reticulares.
Outro tipo de tecido conjuntivo embrionário é o tecido conjuntivo mucoso, encontrado no cordão umbilical. O tecido conjuntivo mucoso tem como propriedade a alta concentração de ácido hialurônico em sua MEC, o que propicia um aspecto gelatinoso ao tecido. A substância fundamental desse tecido é denominada geleia de Wharton, na qual são encontradas células tronco mesenquimatosas capazes de se diferenciar nas mais diversas células conjuntivas.
2.2. TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO
Este tipo de tecido conjuntivo se caracteriza pela quantidade e arranjo das fibras colágenas em sua MEC. Quando corado com HE, o tecido conjuntivo propriamente dito é altamente eosinofílico, devido à riqueza em colágeno, e apresenta alguns pontos arroxeados corados por hematoxilina, o que representa os núcleos de células que compõem esse tecido (células residentes e células transitórias).
Pela coloração Tricrômio de Masson, o colágeno se apresenta em azulado-esverdeado vivo e suas células variam de rosa a roxo. O tecido conjuntivo propriamente dito pode ser dividido em tecido conjuntivo frouxo e tecido conjuntivo denso, sendo que este último ainda se subdivide em tecido conjuntivo denso modelado e tecido conjuntivo denso não modelado.
A presença dos diferentes tipos de tecido conjuntivo propriamente dito variam de acordo com a necessidade do local nos quais estão inseridos, alterando, dessa forma, a disposição das suas fibras, podendo assim se apresentar mais resistentes ou não à tração.
Clique nas imagens abaixo e conheça mais sobre cada tipo!!
Agora veja um exemplo de cada tipo de tecido apresentado nas lâminas seguintes:
2.3. TECIDOS CONJUNTIVOS ESPECIALIZADOS
Diversos tecidos do corpo utilizam do mesmo conceito do tecido conjuntivo propriamente dito, porém são compostos de células diferentes. Ao invés de fibroblastos, esses tecidos possuem células capazes de armazenar conteúdo, produzir diferentes compostos de matriz extracelular, além de exercer funções especializadas.
Esses tecidos são denominados tecidos conjuntivos especializados, que são os tecido ósseo, tecido cartilagíneo (cartilaginoso), tecido adiposo e tecido hemocitopoético (hematocitopoiético, hematopoético, hematopoiético). Cada tecido conjuntivo especializado possui particularidades, tais como a organização e conformação de suas células e matriz extracelular, e função determinada.
Clique nas imagens abaixo e conheça as principais características de cada tecido!! Lembrem-se que temos páginas específicas para as descrições detalhadas desses mesmos tecidos.
Bons estudos!!!
REFERÊNCIAS
1. ROSS H; PAWLINA M. Histologia – Texto e Atlas – Em Correlação com Biologia Celular e Molecular. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
2. JUNQUEIRA, L C U; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
3. TORTORA, G J.; NIELSEN, M T. Princípios de Anatomia Humana. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
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